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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Um terço das águas do país tem qualidade inadequada



Esse é o resultado de um levantamento da ONG SOS Mata Atlântica em mananciais de 13 unidades da federação

A pesquisa da SOS Mata Atlântica constatou que nenhuma das amostras coletadas em 43 fontes de águas naturais de 12 estados e do Distrito Federal tinha qualidade ótima ou boa. Em 70% delas, a qualidade do recurso foi avaliada como regular, em 25% como ruim e em 5% como péssima.
Os técnicos utilizaram os parâmetros definidos pelo Ministério do Meio Ambiente para fazer a classificação das amostras. O principal agente de poluição, segundo o levantamento, é o esgoto doméstico. A carga de contaminação é tão elevada que exige que as águas passem por tratamento antes de serem destinadas ao uso doméstico ou industrial.
Os indicadores usados no levantamento, realizado durante o ano de 2010, estão associados à falta de saneamento básico, tais como presença de bactérias, larvas e vermes, espuma, vários tipos de resíduos sólidos e orgânicos e baixa quantidade de oxigênio na água.
Na amostragem selecionada pela ONG, as fontes em melhores condições estão localizadas nos estados de Pernambuco e Espírito Santo. São o rio Doce, em Linhares (ES), e a lagoa Maracajá, em Lagoa dos Gatos (PE).
No extremo oposto, os mananciais com pior avaliação são o rio Verruga, em Vitória da Conquista (BA) e o lago da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro (RJ).
O resultado mostra, segundo Malu Ribeiro, coordenadora do programa Rede das águas da SOS Mata Atlântica, que é preciso adotar urgentemente medidas em defesa da boa qualidade da água em todo país.
"Com a ação, queremos despertar nas pessoas a necessidade de mudança de comportamento", declarou Malu.

Fonte: CYAN

População de Vitória da Conquista (BA) bebe a pior água do Brasil 

O abastecimento de água para a população urbana da cidade, a cargo da EMBASA (Empresa Baiana de Água e Saneamento), é realizado por um sistema de transposição entre as bacias hidrográficas do Riacho Água Fria e do Rio Verruga. “Existem altos índices de poluição por termotolerantes e situações de riscos de contaminação da população, principalmente por coliformes fecais, devido às fontes de esgoto doméstico e dejetos de animais. Os produtos químicos oriundos das indústrias, da lavagem de roupas e utensílios domésticos é outra fonte de poluição e contaminação bastante peculiar nos trechos analisados”, afirma Altemar Amaral Rocha (UESB/UNEB).

Fonte: CiaCristal


Água Poluída


Rio Tietê Poluído

A população mundial está poluindo os rios e oceanos com o despejo de milhões de toneladas de resíduos sólidos por dia, envenenando a vida marinha e espalhando doenças que matam milhões de crianças todo ano, disse a ONU."A quantidade de água suja significa que mais pessoas morrem hoje por causa da água poluída e contaminada do que por todas as formas de violência, inclusive as guerras", disse o Programa do Meio Ambiente das Nações Unidas – UNEP.
Em um relatório intitulado "Água Doente", lançado para o Dia Mundial da Água, o UNEP afirmou que dois milhões de toneladas de resíduos, que contaminam cerca de dois bilhões de toneladas de água diariamente, causaram gigantescas "zonas mortas", sufocando recifes de corais e peixes. O resíduo é composto principalmente de esgoto, poluição industrial, pesticidas agrícolas e resíduos animais.
Segundo o relatório, a falta de água limpa mata 1,8 milhões de crianças com menos de 5 anos de idade anualmente. Grande parte do despejo de resíduos acontece nos países em desenvolvimento, que lançam 90% da água de esgoto sem tratamento. A diarreia, principalmente causada pela água suja, mata cerca de 2,2 milhões de pessoas ao ano e "mais de metade dos leitos de hospital no mundo é ocupada por pessoas com doenças ligadas à água contaminada."
O relatório recomenda sistemas de reciclagem de água e projetos multimilionários para o tratamento de esgoto. Também sugere a proteção de áreas de terras úmidas, que agem como processadores naturais do esgoto, e o uso de dejetos animais como fertilizantes. "Se o mundo pretende sobreviver em um planeta de seis bilhões de pessoas, caminhando para mais de nove bilhões até 2050, precisamos nos tornar mais inteligentes sobre a administração de água de esgoto", disse o diretor da Unep, Achim Steiner, "O esgoto está literalmente matando pessoas."
Em São Paulo, segundo o biólogo John Emilio Tatton, empresas despejam, clandestinamente, resíduo tóxico nos rios e mananciais da grande São Paulo dificultando ainda mais o abastecimento de água na metrópole que precisa buscar água em outras bacias como: Campinas e Extrema no estado de Minas Gerais para abastecer a bacia Tietê, responsável pelo abastecimento da zona norte da capital.
“As nuvens de chuva só despejam em São Paulo devido aos 7% de mata atlântica que ainda restam na região, no entanto por não haver espaço para drenagem para a água da chuva, a água cai e vai para o rio Tietê saindo da cidade e indo para outras regiões. Por isso não pode poluir nossas represas e preciso preservar a água potável senão em menos de 15 anos São Paulo terá um grave racionamento de água” afirma John Emilio.
Para o biólogo é preciso também educar a população para o consumo consciente da água, que na grande metrópole é entorno de 180 litros dia por habitante e, segundo a Organização Mundial das Nações, um indivíduo precisa de 110 litros dia para suprir sua necessidade de higienização e consumo e o que ultrapassa isso é desperdício. Portanto São Paulo tem um alto desperdício e vem causando indignação nas cidades que precisam ceder água para o abastecimento da cidade.
Um projeto que inclui um programa de educação ambiental nas escolas públicas da grande São Paulo foi desenvolvido pela gestão ambiental da Sabesp, Empresa de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, para levar a população a necessidade de se ter um consumo racional da água e preservação da mesma.
“Só a educação ambiental irá conscientizar as empresas em não poluir os rios e mananciais da região porque a lei não está sendo suficiente para evitar esta prática” acrescenta John Emilio.

Texto retirado do blog Ação Eco.
Para ver a postagem original clique aqui.

Efeitos da poluição aérea e edáfica no sistema radicular de Tibouchina pulchra Cogn. (Melastomataceae) em área de Mata Atlântica: associações micorrízicas e morfologia

O município de Cubatão se encontra no litoral da cidade de São Paulo onde, em sua área e adjacências, se localizam indústrias petroquímicas, de fertilizantes, de cimento e outras igualmente poluidoras que se instalaram no local ao redor da década de 1950 aproveitando-se das facilidades do maior porto marítimo do país, o Porto de Santos, e dentro do lema “desenvolvimento a qualquer custo”.
A localização desse pólo industrial é tal que os poluentes emanados pelas chaminés (material particulado, fluoretos, amônia, óxidos de nitrogênio, hidrocarbonetos, dióxido de enxofre, entre outros) são carreados pelos ventos que sopram em direção a continente e acabam por encontrar a barreira física representada pela Serra do Mar. Essa barreira promove a condensação da água evaporada do mar que, por sua vez, se precipita na região como chuva ácida, ainda carregada de elementos particulados e outros que estavam em suspensão na atmosfera (Ab’Saber 1987).
A partir de 1984 passou-se a perceber visíveis danos à vegetação fanerogâmica, com morte de muitas árvores e conseqüentes deslizamentos de terra, acarretados pelo solo desnudo e as chuvas abundantes que ocorrem na região. A partir de 1988, finalmente, as autoridades constituídas passaram a voltar a atenção para a área, propondo a realização de estudos que visassem o entendimento dos fenômenos que atingiam a região, bem como a proposta de medidas para a recuperação da antiga exuberante vegetação de Mata Atlântica (SMA 1990).
Dentre os vários estudos realizados, constatou-se que, dentre as plantas aparentemente tolerantes aos poluentes da região, encontravam-se espécies de Piperaceae, Urticaceae e Melastomataceae (Leitão Filho 1993). Dentre as espécies arbóreas a dominância relativa nas áreas poluídas parece ser das heliófilas, destacando-se as pertencentes às famílias Ericaceae, Moraceae e Melastomataceae, esta com maior valor de IVI (índice de valor de importância) e tendo como espécie dominante  Tibouchina pulchra Cogn. (Pompéia 2000).
Com o aumento dos problemas ambientais, foram desenvolvidos métodos voltados para o seu monitoramento, utilizando-se, dentre outras possibilidades, plantas ou animais como bioindicadores (Ellenberg  et al. 1991). Esses passam a apresentar reações específicas quando expostos a diferentes tipos de poluentes, fornecendo informações difíceis de serem obtidas e/ou quantificadas de outra forma (Flores 1987). Os biomonitoramentos, passivo e ativo, têm sido amplamente utilizados no Brasil nas últimas décadas para estudos diversos da qualidade do ar e efeito dos poluentes sobre as espécies vegetais (Flores 1987, Domingos et al. 1998, Klumpp et al. 2000a, b, Mazzoni-Viveiros 2000). Estudos referentes às condições edáficas em áreas sujeitas à poluição atmosférica, especialmente na Serra do Mar em regiões próximas ao complexo industrial de Cubatão, têm sido também realizados (Mayer et al. 2000a, b).
O efeito dos poluentes aéreos, oriundos do complexo industrial de Cubatão, Estado de São Paulo, foi analisado em plantas de Tibouchina pulchra de três áreas com diferentes níveis de poluição (o Vale do Rio Pilões tem sido relativamente protegido, em virtude da barreira física representada pela Serra do Mar e a direção predominante dos ventos ser contrária à sua área. A Reserva Biológica do Alto da Serra de Paranapiacaba recebe os ventos que varrem a área industrial e, em conseqüência, é atingida pelos agentes poluentes em suspensão. O Vale do Rio Moji é severamente poluído, em especial pelos materiais particulados e gases oriundos de indústrias diversas das proximidades (Klumpp et al. 2000a). Utilizaram-se sistemas radiculares de espécimes dos biomonitoramentos passivo e ativo, além daqueles das câmaras de topo aberto (ar filtrado e ar não filtrado). Dados quantitativos do sistema radicular, a diversidade de fungos micorrízicos arbusculares (FMAs), a porcentagem de colonização das raízes e a quantidade de esporos presentes no solo da rizosfera foram avaliados. Os resultados demonstraram haver nos indivíduos sujeitos aos maiores índices de poluição: - aumento da colonização micorrízica arbuscular; - maiores diversidade e abundância de espécies de FMAs; - tendência de redução no desenvolvimento do sistema radicular, principalmente em relação ao comprimento e às raízes lenhosas; - tendência de aumento na quantidade de raízes de pequeno calibre. Os resultados confirmaram a tolerância da espécie ao estresse causado pelos poluentes,  demonstrando que essa tolerância pode ser reduzida quando a ação dos mesmos ocorre pelas vias aérea e edáfica. O uso, portanto, da espécie em reflorestamento de áreas de mata atlântica degradadas deve incluir medidas de recuperação do solo para que sejam bem sucedidas.

Revista Brasil. Bot., V.27, n.2, p.337-348, abr.-jun. 2004

O artigo na integra pode ser obtido clicando aqui.