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sábado, 12 de maio de 2012

Registro documentado de cópula de muriquis (Brachyteles arachnoides) na Serra da Mantiqueira, São Paulo, Brasil.


Como já se sabe os muriquis ou monos-cavoeiros (gênero Brachyteles) são os maiores primatas das Américas, vivem no bioma Mata Atlântica do Brasil, e estão entre os macacos mais ameaçados do mundo, tendo poucas populações conhecidas em seu restrito território de distribuição, bem como se sabe que existem duas espécies: os muriquis do norte (B.hypoxanthus) e os muriquis do sul (B.arachnoides). Ambos são muito parecidos, tendo o do sul com um negro mais compacto na face, como já tivemos oportunidade de dizer (Santos 2011a). Nesta oportunidade relatamos a cópula do muriqui do sul (B.arachnoides) na Serra da Mantiqueira, próximo à divisa dos estados de São Paulo e Minas Gerais, que presenciamos e registramos em vídeo, disponível na net (Programa Ambiental: A Última Arca de Noé, 2011).
Em decorrência de nossos estudos e levantamento da avifauna de São Francisco Xavier, distrito de São José dos Campos, estado de São Paulo, Serra da Mantiqueira (Santos, 2011b), desde 2002 temos visitado a região florestada do citado distrito (fotos 1 e 2), e, praticamente, todas as vezes temos encontrado bandos de muriquis e feito muitos registros em filmes e fotos, inclusive gravações de sua rica vocalização. 
 Na manhã do dia 10 de março de 2006, estávamos (o autor e Manoel França) na mata próximo à trilha São Francisco Xavier-Monte Verde, distrito de Minas Gerais (22 53’50.34”S/45 59’36.96”O), na área da fazenda Monte Verde, observando um grupo de muriquis. Os animais estavam forrageando tranquilamente por mais de uma hora em altas árvores, quando por volta das 11:30 cessaram suas atividades, para dar a já costumeira “soneca” (autor cit.), (foto 3).
Também estávamos relaxando, quando o autor foi até um riacho cerca de 15 metros e deparou com um casal de muriquis copulando em um galho horizontal de uma arvore alta. Imediatamente voltou, pegou a filmadora (Sony, PD170,digital), o tripé e iniciou a filmagem da cena raríssima, que durou cerca de três minutos, vídeo disponível na net (PROGRAMA AMBIENTAL: A ÚLTIMA ARCA DE NOÉ. 2011).
A fêmea estava deitada sobre um galho de uma enorme árvore, a cerca de oito metros do solo, e o macho copulando-a deitado sobre suas costas. Ele segurava com a mão esquerda um galho de um cipó que esta acima deles para ficar mais firme e poder executar melhor a sua manobra reprodutiva, enquanto a mão direita segurava o corpo da fêmea ou no tronco onde estavam deitados  (foto 4 a 7). Os movimentos eram lentos e cuidadosos.
Depois de cerca de uns três minutos acelerou seus movimentos, quando foi possível perceber que ejaculou, finalizando sua “tarefa reprodutiva”. Lentamente afastou-se cerca de 1,5 metros e se sentou no mesmo galho, recostando-se no tronco. A fêmea também ficou em uma posição mais sentada. Os dois urinaram praticamente ao mesmo tempo, a fêmea passou sua mão esquerda em sua genitália cheirou (foto abaixo olhando os dedos), e em seguida relaxaram e cochilaram como foi bem documentado no vídeo. Ficamos ali parados, mal podendo acreditar ter visto cena tão rara de se registrar.
 Mas, outra cena impressionante, assistimos; alguns  minutos depois da cópula o muriqui macho estava dormindo, como dito, quando acordou parecendo assustado e olhando à sua volta levantou e caminhou até a fêmea, movimentou-a um pouco para o lado, passou uma das mãos em sua genitália e imediatamente cheirou sua mão, olhou para os lados e voltou lentamente ao seu local e adormeceu novamente. Incrível como deu para perceber perfeitamente que ele acordou assustado com a possibilidade de outro macho ter copulado a fêmea enquanto dormia, e assim foi certificar-se “pelo odor na genitália da fêmea” que ele foi o último a copulá-la.  Infelizmente este comportamento não foi registrado, pois não esperávamos mais nenhuma cena importante após a cópula descrita.
Alguns minutos depois saímos do local, deixando os muriquis descansando a vontade, e retomamos nossas pesquisas sobre a avifauna, maravilhados com o encontro daquela manhã com o bando de muriquis e, principalmente, estupefatos, por presenciar e registrar a cópula de um casal de B.arachnoides em plena liberdade, em seu habitat natural, registro documentado que talvez seja um dos únicos feitos até hoje na natureza.








Publicação on linePDF – www.aultimaarcadenoe.com.br – maio 2011
Direitos autorais reservados: Antonio Silveira Ribeiro dos Santos
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